quarta-feira, 16 de março de 2011

“PESSOAS DO MAL” versus “PESSOAS DO BEM”

“Os psicopatas são os vampiros da vida real. Não é exatamente o nosso sangue que eles sugam, mas sim nossa energia emocional” (Silva, 2008, p. 42).

Há muito tempo tenho a vontade de escrever sobre o que leva algumas pessoas a cometerem tantas maldades com as outras. Qual o prazer em maltratar, humilhar, tirar todo o dinheiro do outro, passar por cima de todos. Finalmente, encontrei um tempo para isso e compartilhar com os leitores a minha leitura de um livro muito interessante “Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado” que retrata o que são e quem são os ditos psicopatas, sociopatas ou pessoas com personalidades antissociais. O livro trata de psicopatas, mas deixa claro que nem sempre um criminoso é um psicopata. Além desse livro, encontrei um artigo da Veja “Cabeça de Assassino” muito interessante que entrevistou assassinos confessos os quais revelaram os motivos de terem matado suas vítimas.
Mas, então porque abordar aqui esses assassinos entrevistados pela Veja? Para exemplificar a questão do arrependimento que não está presente nos psicopatas. A reportagem da Veja mostra que 20% desses assassinos confessos disseram não se arrepender de terem matado suas vítimas. Mas, “Isso não significa, porém, que os outros 80% tenham declarado algum remorso por isso. Indagados sobre os motivos do seu arrependimento, quase todos apontaram como primeira causa o próprio infortúnio – em geral, o fato de estarem presos. Arrependeram-se não pelo crime, mas por não terem conseguido evitar que ele ‘desse errado’” (VEJA, 2010, p. 98).
Psicopata é aquele que nasce com essa personalidade antissocial e não demonstra qualquer arrependimento do que faz. Os psicopatas, segundo Silva (2008) “mostram uma total e impressionante ausência de culpa sobre os efeitos devastadores que suas atitudes provocam nas outras pessoas. Os mais graves chegam a ser sinceros sobre esse assunto...” (p. 72). Eles podem até verbalizar remorso, só que é da boca pra fora e suas ações mostram que não estão nada arrependidos. Ou seja, pela própria definição de empatia esse não é um sentimento experimentado pelo psicopata. “Vale ressaltar que o psicopata sempre vai revelar ausência de consciência genuína frente às demais pessoas: são incapazes de amar e nutrir o sentimento de empatia” (Silva, 2008, p. 90).
Essa consciência genuína se faz presente em “pessoas do bem”, e de acordo com Silva (2008), “nos impulsiona a ir ao encontro do outro, colocando-nos em seu lugar e entendendo a sua dor” (p. 30). Como somos “inundados de consciência, pedimos desculpas sinceras àqueles que magoamos ou ferimos num momento de equívoco” (Silva, 2008, p. 30). Nós seres do bem pedimos desculpas por qualquer “mal” que fizemos ao outro porque temos a consciência de que isso traz dor e sofrimento. Para o psicopata esse respeito pelo outro não existe. Ele sabe que está causando mal, mas não se importa com a dor do outro, só se importa consigo mesmo.
Os assassinos em questão mataram e não se arrependeram por isso, mas sim pelo fato do “negócio” ter dado errado. Essa falta de culpa pela dor da família da vítima ou de sua própria família por ele está preso, pelas consequências desagradáveis causadas pela morte daquelas pessoas à família, é característica de personalidades cruéis e que não se importam com o outro a não ser consigo mesmo. Os fins não justificam os meios. Alguns alegaram que mataram porque corriam o risco do outro matá-los. Essa desculpa não “cola”, pois à medida que assumiram a responsabilidade e possibilidade do “negócio” dar errado, sabiam que iriam para matar e matariam caso fosse necessário. Mais uma vez os fins não justificam os meios.
Um criminoso muitas vezes acha que vai ficar impune, o que geralmente acontece nesse país. Muitos psicopatas estão nas ruas por sua alta capacidade de manipulação e de ludibriar os outros. Algumas vezes são até presos, mas conseguem “escapar” dessa. Podemos citar como exemplo, os criminosos de “colarinho branco”. Não só nos Brasil é assim. O que dizer de países que surram seus supostos “inimigos” porque denunciam barbáries. A Veja mostrou em sua edição 2191, ano 43 que na Rússia um repórter foi surrado e teve os dedos quebrados, para nunca mais escrever devido a uma reportagem que desagradou algumas “pessoas”.
Muitos são sim predadores sociais, predadores do nosso dinheiro, dos nossos direitos, da nossa liberdade de ir e vir, de expressão, enfim. E dizem “eu não sei de nada, eu não vi nada”. E nós ficamos com a sensação e a certeza da impunidade. A sensação de impunidade está presente em todo e qualquer ser que tenha um pouco de consciência genuína diante de tantas situações que não são resolvidas e julgadas pela justiça, seja aqui do Brasil ou de outros países. Pelo menos podemos ficar um pouco mais aliviados por boa parte da população ser “pessoas do bem”. As “pessoas do mal” felizmente são a minoria na sociedade, mas muitas vezes provocam grandes ruínas na vida de muita gente, de suas famílias e à sociedade.

Quem e o Que são os Psicopatas?

Nossa sociedade está repleta de pessoas que são chamadas por “predadores sociais” e/ou psicopatas, sociopatas, personalidades antissociais. Essas pessoas frias, insensíveis, manipuladoras enganam e representam bem qualquer atitude. Isso ocorre por serem desprovidas de sentimentos de compaixão, não possuem consciência, culpa ou remorso.
“Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo)” (Silva, 2008, p. 37). Além disso, “a parte racional ou cognitiva dos psicopatas é perfeita e íntegra, por isso sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional” (Silva, 2008, p. 18).
Podemos dizer que encontram-se disfarçados em vários lugares como religiosos, políticos, amantes e certos amigos que temos ou tivemos na vida, até mesmo familiares. Eles podem arruinar a vida de uma pessoa, famílias, empresas, provocam intrigas e destroem sonhos. Outros chegam a matar a sangue-frio, com muita maldade e perversidade.
Os psicopatas são aquelas pessoas do tipo que visam o benefício próprio, almejam poder e status passando por cima dos outros, mentem, são parasitas, tiranos, enfim. E, transitam por nós nas ruas e nem os vemos como tal. São aqueles conhecidos e amigos, o próprio parceiro, alguém da família, um chefe.
Segundo Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado” (2008) existem três níveis variados de gravidade: leve, moderado e grave. “Os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não ‘sujarão as mãos de sangue’ ou matarão suas vítimas. Já os últimos, botam verdadeiramente a ‘mão na massa’, com métodos cruéis e sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais” (Silva, 2008, p. 17).
Para ela, “Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocarem no lugar dos outros. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos” (Silva, 2008, p. 37).
Devemos ter cuidado com pessoas que possuem a combinação entre ações maldosas com jogos cênicos primando por sua piedade. São pessoas que se fazem de vítimas para ludibriar você e ganhar sua pena. Eles são espirituosos, articulados e tem charme suficiente para tornarem uma conversa divertida e agradável. Mentem com muita competência olhando nos olhos do outro. Eles têm a competência de perceber o que o outro quer ouvir, por meio da observação. Ao serem descobertos como mentirosos, não têm vergonha nenhuma de admitir isso.
De acordo com Silva (2008) além disso, eles são narcisistas e supervalorizam a si mesmo vendo-se como o centro do universo e que tudo deve girar ao seu redor. Portanto, os outros são considerados como meros objetos que devem ser usados para seu bel-prazer. “Os psicopatas apresentam uma espécie de ‘pobreza emocional’ que pode ser evidenciada pela limitada variedade e intensidade de seus sentimentos” (Silva, 2008, p. 77).
Segundo Silva (2008) “para muitos psiquiatras as emoções dos psicopatas podem ser consideradas como sendo ‘proto-emoções’ (respostas primitivas às necessidades imediatas)” (Silva, 2008, p. 78).
Quanto à impulsividade, esta se apresenta para alcançar prazer e satisfação imediatos sem culpa. Vivem o presente sem se preocupar com o futuro. Tem autocontrole reduzido, ofendendo-se e tornando-se violento banalmente e rapidamente voltam a se comportar como se nada tivesse acontecido. E, não admitem que têm problemas em controlar o comportamento (Silva, 2008).
Eles não toleram o tédio ou rotina, buscam situações que os deixem em alta excitação. As obrigações e compromissos não significam nada. Quando constituem família o fazem para terem uma boa imagem diante da sociedade. E usam seus familiares para se livrarem de situações ruins ou tirarem vantagens (Silva, 2008).
O mais importante é que desde pequenos começam a demonstrar comportamentos antissociais mentindo de forma freqüente, roubando, maltratando animais, colegas e irmãos, enfim. Um exemplo é o Bullying, neste caso “o líder do grupo agressor (o ‘valentão’ ou o ‘tirano’) costuma ser o indivíduo que apresenta características compatíveis com a personalidade psicopática” (Silva, 2008, p. 89).
“Os psicopatas não apenas transgridem as normas sociais como também as ignoram e as consideram meros obstáculos, que devem ser superados na conquista de suas ambições e seus prazeres” (Silva, 2008, p. 90).

Fontes:
Silva, Ana Beatriz Barbosa. (2008). Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro: Objetiva.
Veja. (novembro/2010). Cabeça de Assassino. Edição 2191, ano 43, n. 46, pp. 94-107.
Veja. (novembro/2010). Só quem cala não apanha. Edição 2191, ano 43, n. 46, p. 69.

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