quinta-feira, 3 de junho de 2010

EMPATIA EM PESSOAS VIOLENTAS

Slide preparado para Apresentação Poster/Painel Virtual no II Congresso Sul-Americano de Psicanálise sobre Violência, Culpa e Ato: causas e efeitos subjetivos:

Por
Rebeca Cavalcante Fontgalland
Orientadora: Dra. Virginia Moreira

INTRODUÇÃO

Este trabalho visa mostrar a ligação existente entre a Empatia e a Violência, e como se dá essa relação em pessoas violentas.

Sabemos que empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, para desta forma compreendê-lo. É o “intra-habitar” o outro (Rogers, 1983). Ou seja, é a “faculdade de experimentar os sentimentos e a conduta da outra pessoa” (Dicionário de Psicologia Prática,1970).

É esse se pôr no lugar do outro e considerar o outro como tal, que falta em pessoas violentas. Estas pessoas aparentemente não têm afetividade, e, portanto, não têm empatia pelo outro. Podemos considerá-las, segundo Pavarino, Del Prette & Del Prette (2005), como tendo “déficits de empatia”.

A empatia tem sido considerada como de importância crítica para o desenvolvimento saudável do sujeito. Déficits nessa área são considerados como um dos fatores para comportamentos anti-sociais, especialmente os agressivos.

Assim sendo, violência é, segundo a OMS “o uso intencional de força física ou poder, ameaça ou real, contra si próprio, uma outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem uma alta probabilidade de resultar em lesão, ou morte, dano psicológico, mau desenvolvimento, ou privação.” (WHO, 2009).

OBJETIVOS

GERAL:

Mostrar como se dão os Déficits de Empatia presentes em pessoas violentas.

ESPECÍFICOS:

  1. Definir Empatia e Violência para uma melhor compreensão do tema abordado.

  2. Esclarecer a relação existente entre Empatia e Violência em pessoas violentas.

  3. Mostrar a que estão associados os Déficits de Empatia, apresentados por pessoas violentas.
DESENVOLVIMENTO

De acordo com a OMS, “a violência é o resultado da complexa interação de fatores individuais, de relacionamentos, sociais, culturais e ambientais”. (Krug, 2002, p.12). Diante destas relações, sempre existem os conflitos e, consequentemente, a violência, seja ela física, sexual, psicológica, moral e envolvendo privação ou negligência.

Muitas vezes, o Ato violento diz respeito a uma posição de Poder que o agressor pensa ter em relação a um outro que ele julga inferior. E, esse comportamento violento está relacionado aos déficits de empatia, presente em pessoas violentas. Esses déficits, segundo Pavarino (2005), “estão associados a um conjunto de outros aspectos cognitivos e afetivos como distorções perceptivas e problemas de regulação e autocontrole emocional (...) que favorecem o comportamento agressivo.” (p.129). Esses agressores não se sensibilizam nem reconhecem as emoções de medo ou pavor desse outro, ao produzirem, propositalmente, o dano. Os déficits de empatia, presentes neles, refletem um contexto inadequado de socialização e educação, talvez pela falta de aprendizagem de habilidade interpessoais, falta de valores de não-violência ou falta de habilidade de lidar com a própria agressividade. (Del Prette e Del Prette, 2003).

Segundo Blank (2007), a empatia seria o antídoto para a violência. E, diversos fatores ambientais podem interferir no desenvolvimento ou não da empatia. Um ambiente inadequado e agressivo poderá produzir sujeitos agressivos e, consequentemente, com déficits de empatia.

Então, pode-se observar que a violência ocorre quando se consegue reprimir a empatia, ou quando se estar em situações nas quais ela não é despertada.

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, onde a metodologia utilizada consistiu na revisão da literatura a partir de autores que se dedicaram a investigar os conceitos de empatia e violência procurando mostrar como estes estão relacionados.

CONCLUSÃO

Concluímos que é fundamental compreendermos o outro, seu mundo vivido e nos colocarmos no lugar dele, porque “sentir-se compreendido e aceito será sempre necessário, mas nem sempre suficiente.” (Moreira, 2009, p.54). É esta compreensão que nos coloca como seres empáticos e mostra como valorizamos o outro. Em todos os contextos, e não apenas na psicoterapia, a empatia se faz necessária. Este fato é constatado quando entendemos o outro e somos afetados por seus problemas, seus sentimentos, suas alegrias e sua dor, o que não acontece em um Ato violento. Desta forma, está claro que o déficit de empatia dá lugar a comportamentos violentos.

Este estudo sugere, ainda, futuras pesquisas sobre a relação entre empatia e violência e suas consequências.

BIBLIOGRAFIA

Blank, P. (2005). Cabala: o mistério dos casais; segredos dos encontros amorosos. Rio de Janeiro: Relume Dumarã.

Del Prette, A. & Del Prette, Z. A. P. (2003). Aprendizagem socioemocional na infância e prevenção da violência: Questões conceituais e metodologia da intervenção. In A. Del Prette & Z. A. P. Del Prette (Orgs.). Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção (pp. 83-128). Campinas: Alínea.

Dicionário de Psicologia Prática: prática de psicologia moderna I (1970). (2.ed.). São Paulo: Honor Editorial Ltda.

Krug, E.G. (2002). Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: OMS.

Moreira, Virginia. (2009). Clínica Humanista-Fenomenológica: estudos em psicoterapia e psicopatologia crítica. São Paulo: Annablume.

Pavarino, M.G.; Del Prette, A.; Del Prette, Z.A.P. (2005). O desenvolvimento da empatia como prevenção da agressividade na infância. Psico, 36 (2), pp.127-134.

Rogers, C. R., et al. (1983). Em busca de vida : da terapia centrada no cliente à abordagem centrada na pessoa. São Paulo: Summus.

World Health Organization (2009). Health topics: violence. Recuperado em 27 de outubro, 2009, do World Health Organization site: http://www.who.int/topics/violence/en

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